Ontem já era bem tarde da noite e estava assistindo televisão quando bateu aquela vontade de produzir algo. Precisaria acordar cedo hoje, mas mesmo assim desci até o meu estúdio e preparei algum material. O plano foi simples, primeiro começaria com uma arte sacra, sem muito compromisso com alta qualidade, pinceladas soltas e traços não precisos, talvez me aproximando da arte contemporânea. Depois faria um nu feminino, talvez uma aquarela, explorando altas luzes, como um trabalho que havia visto pela manhã de um correspondente do UrbanSketchers.
A obra sacra foi um desastre, não consegui achar em poucos traços um equilíbrio, exagerei demasiadamente no esboço com lápis azul e quando tentei cobrir com nanquim o resultado foi um terror. O anjo decaído ficou pesado e com pouco contrate. Agora, já a aquarela que fiz quando desisti do anjo me motivou. Acho que enfim estou começando a fazer alguma coisa que poderia chamar de aquarela.
Usar tintas destinadas ao trabalho de aquarelas, não classifica uma obra como uma real aquarela. Pude ver diversos trabalhos com espessas camadas de tinta que seriam simplesmente denominadas pinturas. Elas poderiam ser feitas com qualquer outro material, como o guache ou o acrílico. Uma aquarela precisa necessariamente utilizar o branco do papel para as altas luzes, ser fluida e com camadas sobrepostas. Banco é só o fundo do papel. Acho que enfim consegui produzir a minha primeira aquarela. Achei graciosa a figura desta menina com o busto nu, tentei dar um olhar misterioso, nem tão triste, nem tão alegre e meio tímido.
Algo que também aprendi observando outras aquarelas, se for criado um fundo neutro escuro do lado dos brilhos, destacará ainda mais as luzes e tons. Foi o que busquei neste trabalho.
A aquarela é uma técnica que há algum tempo estudo, percebo que cada dia me aproximo um pouco mais do resultado pretendido, mesmo assim, ainda muito o que aprender. Com o progresso, vou tentar outros papéis e pigmentos. Talvez ainda hoje eu faça alguma outra, e reconheço que é sempre tarde da noite que o artista se motiva a produzir.
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