quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Igreja de Nossa Senhora do Rosário


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A igreja de Nossa Senhora do Rosário em Guarulhos é uma construção que acho muito simpática. Há alguns meses passo todos os dias em frente, de manhã quando vou ao trabalho e também no começo da noite quando volto para casa. As vezes pensava em retrata-lá, ficava admirando suas linhas nos poucos segundo de passagem até que outro dia resolvi parar para fazer uma fotografia. O resultado não foi tão legal, pois percebi que o meio não era o ideal para registrar a minha visão e transmitir meus sentimentos sobre ela.

Como sempre digo, o retrato não é somente assunto da fotografia, você pode retratar um objeto ou pessoa até mesmo com lápis e um guardanapo. Para se conseguir um bom retrato é necessário capturar a essência do que será retratado, e isso não dá para ser feito com pressa, o processo é lento e faz você aprender a observar.

Gosto de contemplar, mas confesso que não tenho a mesma paciência dos mestres orientas em sua arte Zen, acho que meu modo é pouco regrado e não tão metódico, com freqüência faço opção ao empirismo, que poderia ser muito bom, mas gera vícios de linguagem. A arte Zen inspira a perfeita contemplação, que é conseguida através da meditação. O artista pode ficar até meses meditando, até decidir executar a obra com poucas pinceladas e em poucos minutos. A arte ocidental fica meses executando e poucos minutos estudando.

Penso agora que em todos estes meses estive em contemplação, o que me faz entender a essência entes de pegar o sketchbook, quando saí a campo.A igreja fica bem perto de casa, lá as vezes assinto a missa do domingo com a minha família.

No sábado passado convidei a minha filha para fazer alguns sketches da fachada. Ficamos sentados na Avenida São Luis por aproximadamente 20 minutos, que foi tempo suficiente para o registro a lápis no Molesquine, e a Amanda no caderno dela.

As linhas gerais da arquitetura são simples e inspiram reflexão. Com o ângulo agudo do telhado, lembrando as construções da colonização alemã aqui no Brasil e também as construções sacras do estilo gótico das igrejas Luteranas de Santa Catarina. Já a igreja de Nossa Senhora do Rosário é Católica Romana.

Com o desenho feito e todas as referencias de luz e sombra registradas, fui para o estúdio, onde fiz a colorização com aquarela. Aqui descrevo um passo-a-passo deste trabalho.

Desenhar ao ar livre é excelente exercício para o treinamento da observação. Não é necessário material especial, apenas um caderno e um lápis. Também não é necessário encontrar pontos turísticos. A rua onde moramos, o café que freqüentamos ou a igreja que oramos é o melhor lugar para o estudo, pois conhecemos o essencial e temos uma precisa idéia daquilo que gostaríamos de transmitir. Você mesmo pode praticar, basta tentar. Caderno e lápis e mãos a obra.

Church of Our Lady of Rosary
I think is very amazing the church of Our Lady of Rosary, in Guarulhos. For a few months I have been passing front that every morning when I go to work and either when a I come back to home. It´s nearby my home and sometimes I frequent the mass on Sunday with my family. In the the past Saturday morning I invite my daughter to make some sketches of that, we sat on the opposite side of the Avenue St. Louis, nearly 20 minutes, sufficiently to drew, me on Molesquin and the Amanda in her notebook. This is my point of view of that amazing church.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Saímos na edição do domingo passado do Diário de Guarulhos

Na edição deste domingo do Diário de Guarulhos foi publicada uma matéria de uma página sobre a nossa participação no Sketchcrawl e também de alguns desenhos que tenho feito desta cidade que nasci e resido. Embora Guarulhos não tenha sido por anos o meu foco de trabalho, esta oportunidade me fez lembrar da cidade e o quão importante poderia ser a minha participação no cenário artístico dela.

Fiquei muito contente pela valorização da impressa local, o que também é muito bom para a cidade. Mas me preocupo em saber que a atual administração pública tem se mostrado apática no trato com as produções artística pela e para a cidade.

Conversando com alguns artistas amigos e atuantes na cidade, eles têm me contato que após o crescimento por volta do ano 2000/2002 com a inauguração do centro de exposições do Lago dos Patos, do Teatro Nelson Rodrigues e também do Adamastor, o atual secretariado de cultura vem esquecendo a atual produção dos artistas. O Centro de exposições do Lago dos Patos na Vila Galvão mostra marcas do tempo, por falta de manutenção. Também achei cômico uma repartição pública, a defesa civil, funcionar no mesmo espaço de uma galeria de arte. É muito triste ver a cidade que é um dos principais pólos industriais da grande São Paulo não investir em cultura e ainda consumir os poucos recursos restantes.

Creio que a arte em Guarulhos deva ser incentivada e também melhor praticada. Os artistas devem ser responsáveis por trabalhos de qualidade, e que sejam importantes para a população da cidade. O caminho não é somente cobrar a municipalidade, o artista deve ser ativo e se preciso buscar o apóio da iniciativa privada, realizando projetos, mostras e até mesmo workshops para o amadurecimento de jovens talentos.

Mas, uma boa notícia, o pessoal do Sketchcrawl marcou a data da próxima maratona de desenho, a edição de número 25 e a segunda em que a cidade deve participar. Será realizado no dia 21 de novembro e o ponto de encontro para o pessoal de Guarulhos ainda será definido. Vou divulga-lo em alguns dias aqui neste blog.

Daily of Guarulhos published our sketchs
The Daily of Guarulhos published in the past Sunday a page about Sketchcrawl, my participation and one of mines sketches. They also said about the participation of my daughter in that event and we representing our city. I made a electronic version and I published that in the Google Images.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

24# Sketchcrawl em Guarulhos - Brasil

#24 sketchcrawl
Lago dos Patos - Lake of the Ducks - Guarulhos - Brazil
#24 sketchcrawl
Lago dos Patos - Lake of the Ducks - Guarulhos - Brazil
Trabalho Amanda
Lago dos Patos - Lake of the Ducks - Guarulhos - Brazil
Amanda's Job - She have 6 years



Aqui em Guarulhos fizemos uma contribuição singela de um grupo de duas pessoas, eu e a minha filha de seis anos. A nossa idéia original era encontrar algumas outras pessoas no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, mas ocorreram desistências pelas previsões da meteorologia. Pensando na noite anterior ao evento decidi ficar por Guarulhos, voltando os olhos para a cidade em que moro. Pela manhã o tempo não cooperou, fomos até a Igreja Matriz na Praça Tereza Cristina, e estava garoando, voltamos para casa, mas aquela vontade de fazer algo ainda estava latente. Então em um impulso, peguei o meu material e fui com a Minha filha ao Lago dos Patos, que é um ponto interessante da cidade e que fica bem próximo de onde moro.

O resultado do #24 sketchcrawl realizado aqui em Guarulhos está aqui. :-)

Quando for anunciado no fórum principal do evento o encontro 25#, pretendo organizar um pouco mais formalmente o encontro aqui em Guarulhos e região, postando a convocatória no meu site e talvez avisar a impressa local, para todos os artistas, desenhistas, ilustradores e simpatizantes da cidade. Aguardem o 25# sketchcral - a maratona de desenho!!!


Links para os trabalhos em outras cidades


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Poética abstrata

Hoje estava conversando com um amigo e por um comentário dele pude refletir sobre um assunto deveras interessante. Ele asseverou que não conseguiu entender as ultimas mensagens que eu havia postado no Twitter.


Tempo escrito esporadicamente textos que não podem ser compreendidos, se o leitor não estiver imerso em dado contexto ou não conhecer dada cultura.Alguns outros fazem pouco sentido se lido isoladamente.

Uma mensagem que havia postado dizia o seguinte: “Estamos no ano 50ac. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos. Toda? Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor”. E o que tudo isso queria dizer? Quem é aficionado por historia em quadrinho sabe que esta citação está impressa nas primeiras páginas das revistas do Asterix. Ler isso em alguns provoca risos, em outros arrepios e em mais alguns outros, tédio. Para mim, o objetivo deste post não foi a compreensão, sim a reação. Sabendo disso o post passa a ter sentido. Ainda trazendo o texto para o cotidiano, ela poderia estar sofrendo pressão e de maneira irônica escrever, mas para não ser compreendida, e ainda assim atendendo ao impulso de se comunicar. Mas esta não foi a minha intenção. O que poderia provocar ainda esta outra citação “Esses Romanos são uns neuróticos”, ou então outra “ô Cride, fala para a mãe...”?

Traçando um paralelo com as artes visuais abstratas, acredito que realmente possa existir a poética abstrata. Resumidamente lembrando que as abstrações não podem ser compreendidas pela lógica cartesiana e assim ela não é feita para ser compreendida, apenas sentida. Mas não é qualquer um que conseguem consumi-las, apenas alguns poucos que estejam familiarizados com a linguagem e sintonizados com a obra e o universo de criação do artista. Igualmente a pintura abstrata, a poética abstrata deve ser sentida, o contato com cada palavra pode transportar o leitor a um universo de significados e significantes próprios. Assim lendo um clássico trecho de Asterix me torna feliz, pois uma citação é como um índice que pode trazer os velhos sentidos e vividos.

Muitos artistas utilizam-se desta artimanha, e podemos ver em filmes e também na música. Os Titãs, utilizaram o “ô Cride fala para a mãe” na música “Televisão”. Esta é uma clássica referencia ao comediante Ronald Golias. “Esse bordão remete a cidade natal de Golias, São Carlos, pois o original era "ô Cride fala pra mãe que eu vou lá no Grêmio", (Grêmio Recreativo e Cultural Flôr de Maio), que é um clube social da comunidade negra da cidade.” (Wikipédia)

Uma só citação pode puxar muita coisa, e continuarei escrevendo poesias abstratas para quem estiver disposto a ler. Então talvez tenha que escrever para o mundo inteiro entender? Estou convicto que não, pois a comunicação possui limites claros. Alguns de meus seguidores compreenderam e se divertiram, para outros foi indiferente e outros ainda, se entediaram. Creio então que obtive sucesso, pois o objetivo era provocar emoções.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O garoto - The Kid

Um trabalho que fiz em Jaraguá do Sul, quando visitava um primo. Anteriormente havia feito um estudo deste tema, crianças pobres, no meu Moleskine, incluindo um texto.
Aquarela em papel Canson A4.

The kid
This piece I make at Jaraguá do Sul, when I went to my cousin’s house. In another occasion, I got one study about this subject, poor children, at my Moleskine, including a text.
Watercolor on Canson paper A4

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Nu em azul e corpo de mulher

Um papel nem tanto adequado, algumas tintas não adequadas. Tenho algumas velhas aquarelas da Pentel, duras em seus tubos, que as guardo em uma caixa. Tentei criar este busto nu com efeitos azulados, com a técnica do papel seco. O resultado me agradou. Em outra folha umedecida, fiz um estudo da mesma figura, o resultado foi mais expansivo, nem tanto figurativo, mas beirando uma abstração.
Aqui um outro estudo de um retrato feminino. Acho que as pinceladas foram bem executadas, mas o resultado não muito bom, pois percebo que o retrato deveria ser um pouco mais feminino. Achei um pouco complicado conferir feminilidade a uma mulher de cabelo curto em um desenho, mas quando se consegue o resultado é ousado e fenomenal.
Body in blue
It’s a non appropriated paper and ink none appropriated too. I have some olds watercolor of Pentel brand, dried in their tubes and I keep them in a box. I tried to make this nude with blue effects, using the dry paper’s techniques. The result is amazing for me. In another wet paper, I make a study  of the same picture, the result was more soft, not so figurative, but almost an abstraction.
Here is another study of a female portrait. I think the strokes were well executed but the result is not so good. For me, the picture should be a bit more feminine. I think is so difficult to give a feminine for a woman portrait with short hair in one drawing, but when it gets the result is lovely!

domingo, 6 de setembro de 2009

Nu feminino com aquarela

Ontem já era bem tarde da noite e estava assistindo televisão quando bateu aquela vontade de produzir algo. Precisaria acordar cedo hoje, mas mesmo assim desci até o meu estúdio e preparei algum material. O plano foi simples, primeiro começaria com uma arte sacra, sem muito compromisso com alta qualidade, pinceladas soltas e traços não precisos, talvez me aproximando da arte contemporânea. Depois faria um nu feminino, talvez uma aquarela, explorando altas luzes, como um trabalho que havia visto pela manhã de um correspondente do UrbanSketchers.
A obra sacra foi um desastre, não consegui achar em poucos traços um equilíbrio, exagerei demasiadamente no esboço com lápis azul e quando tentei cobrir com nanquim o resultado foi um terror. O anjo decaído ficou pesado e com pouco contrate. Agora, já a aquarela que fiz quando desisti do anjo me motivou. Acho que enfim estou começando a fazer alguma coisa que poderia chamar de aquarela.
Usar tintas destinadas ao trabalho de aquarelas, não classifica uma obra como uma real aquarela. Pude ver diversos trabalhos com espessas camadas de tinta que seriam simplesmente denominadas pinturas. Elas poderiam ser feitas com qualquer outro material, como o guache ou o acrílico.  Uma aquarela precisa necessariamente utilizar o branco do papel para as altas luzes, ser fluida e com camadas sobrepostas. Banco é só o fundo do papel. Acho que enfim consegui produzir a minha primeira aquarela. Achei graciosa a figura desta menina com o busto nu, tentei dar um olhar misterioso, nem tão triste, nem tão alegre e meio tímido.
Algo que também aprendi observando outras aquarelas, se for criado um fundo neutro escuro do lado dos brilhos, destacará ainda mais as luzes e tons. Foi o que busquei neste trabalho.
A aquarela é uma técnica que há algum tempo estudo, percebo que cada dia me aproximo um pouco mais do resultado pretendido, mesmo assim, ainda muito o que  aprender. Com o progresso, vou tentar outros papéis e pigmentos. Talvez ainda hoje eu faça alguma outra, e reconheço que é sempre tarde da noite que o artista se motiva a produzir.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Inspiração e sensibilidade na arte abstrata

No ultimo sábado, dia 22/08 tive o imenso prazer de almoçar com o Alexandre Villas Boas, que é um amigo de longa data, blogueiro e artista plástico ativo no cenário de Guarulhos e São Paulo. O encontro aconteceu por acaso na fila de um Self-Service que eu e a minha esposa costumamos comer, onde a comida é saborosíssima. Além do tradicional assunto educação, pois o Alê, a Carla e a minha esposa são educadores, todos presentes, discutimos algumas questões da arte contemporânea.

Há mais ou menos cinco anos o Alexandre me presenteou com este trabalho, chamado Entorno (2002), que gosto muito e que para ele possui um significado muito grande, sempre comenta. Por linhas gerais é um abstrato mas com pontos de significação intrínsecos em formas fortes e curiosas em primeiro plano, não toleráveis ao pensamento tradicional cartesiano, mas abertos por outros paradigmas. Hoje parei para refletir sobre abstrações e alguns sentidos.
Talvez a abstração possa ser uma abertura para idéias não tangíveis, ou pontos compreendíveis por linhas de sensibilidade. Alguns psicólogos talvez apelariam à subconsciência, mas particularmente acredito que esta resposta é demasiadamente simplista para esta discussão tão ampla. Fato seria que abstrações não deveriam possuir significações, mas como tornar isso verdade quando o artista se encontra em dado momento de sua vida e circunstância o impulsionam à criação? A sensibilidade aguaçada do artista torna-o capaz de captar outras fontes inspiratórias, que ele traduz em curvas e tons.
Ainda recordo o comentário da minha mãe sobre esta pintura sobre madeira. Ela é partidária da arte decorativa e muito relutante às abstrações como artefatos de arte. Ela não gosta nada do trabalho e o preferiria com pouco destaque. Ele ficou muito tempo exposto em destaque na minha sala e nesta ocasião onde foi mencionado o comentário, o Alexandre comentou que o coração da minha mãe é sincero.

Ainda fico e defendo a sensibilidade, que é a parte primeira e essencial à inspiração. A sensibilidade é a capacidade de sentir, como um sensor, que quando ligado fica receptivo a determinado estímulo. Seria mesmo assim, então, a arte realmente percebida somente pelos iniciados? Acredito que não exclusivamente, mas algumas são mais fáceis que outras.

Detalhe do trabalho