CAVALEIRO EXPRESSIONISTA
Minha espada golpeia o ar medieval dilacerando neurônios provincianistas
Intrépida, ela baila nos descompassos compassados na mídia interativa
Subvertendo ironicamente as regras esculpidas nessa insensatez cálida
A magia seduz, enternece e conquista pela força motriz do saber
Guernica me perdoe, sou apenas um borrão lançado em fetiche numa tela sem segredos
Rasgando. Rosnando, intervindo, em todo o corpo, em todo coração
Razão de ser, estar, haver, rever, perder pra não deixar de ser e crer
Crença rebuscada nos deleites expelidos pelo vulcão voraz do agonizante singular
Em movimentos convergentes abrange, arrebata, assalta e permuta
Troca por não trocar sem tocar, sem sentir sem parir um vulto que assusta
A parábola para sem dar bola pra outrora, sem ver a aurora batendo cabeça na toca
Que toca sem tocar aos sons dos tambores amorfos transmitindo em ondas
Que faz surfar a cabeça no mar de palavras que proferem o verbo amar
Qual tradução rarefeita a esmo que suborna essa pequena flor
E a coloca em um vaso vazio com curto pavio e a esquece na noite sedenta de sangue
Mestre cavaleiro, sua espada espeta o espetáculo, mas não deve trazer esperanças
Ela já é a esperança desse ciclo único, impotente, mas leal as vibrações que laceiam
E ateiam o fogo em brasa sutilmente queimando e esculpindo novas soluções
Novos quereres, sem a gaguez do gaiteiro no atropelo do ar que repousa no poço sonoro
Aprendi que a solidão é a passagem derradeira que lançamos em um papel em tinta
E deixamos ali pra servir de exemplo aos outros que rebuscam nos pincéis, a cura
E no entrelaçamento de cores, luzes e sombras, reencontro a paz, o prazer, o amor
O verbo ser, foi parido
O verbo ter, foi integrado
O verbo estar, foi inserido
E o verbo viver, foi edificado.
A espada já pode descansar em paz, os pincéis devem proferir sua jornada.
moacir bicho raro
05/12/2003